A entidade física 'tempo' sempre me fascinou. A razão eu não sei. Talvez seja por que ela não respeita poderes e títulos e arrasta tudo ao seu fim; talvez seja por que a sua relatividade atua com tanta força em minha vida que nas sequências dos seus segundos, que formam os minutos, que formam as horas, que formam os dias, que formam as semanas, que formam os meses, que formam os anos e, que por fim, formam a minha existência, me obriga a passar por situações de alegria e de dor que são absolutas para mim. O fascínio talvez venha por não sabermos até que ponto ela simplesmente não existe quando estamos perdidos em sonhos perto da velocidade da luz; ou talvez seja por que se a perdemos não temos a menor chance de a recuperarmos; ou talvez seja por que ela me envelhece, e meu corpo insiste em lhe obedecer as ordens, entretanto, me traz aprendizado; ou quem sabe é por que ela vai construindo momentos em minha mente que vão sendo guardadas na lembrança, e que essas lembranças ao serem despertadas causam uma certa nostalgia misturada com dor e alegria ao mesmo tempo; ou talvez seja por que ela me traz esperanças, uma vez que possui como subconjunto o futuro. Quem sabe é tudo isso ao mesmo 'tempo'.
Tudo bem! Depois eu explico melhor, é que já são três horas da manhã e a febre da minha filha já baixou, posso dormir agora. Ainda dá tempo.
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